As influências da família de origem na vida do casal

A liberação da família de origem é a meta que começa
na adolescência e segue vida afora.
O casamento é uma dessas possibilidades ou uma dessas frustrações. 

As influências do sistema de origem na relação do casal são muitas vezes inconscientes: a família é o ponto de partida para muitos aspectos da vida, em particular a área relacional, para a ideia do que se desenvolve como casal e o que se quer para uma relação afetiva.

Conhecer e reconhecer a história familiar e suas influências, são aspectos essenciais para se poder viver uma vida afetiva saudável.

A escolha afetiva

Existe uma frase que diz mais ou menos assim: “estamos à procura de alguém que seja útil para definir as nossas relações com a família de origem” e isso diz-nos o quanto a relação familiar é importante na construção do futuro afetivo.

Quanto mais positivo ela for, mais ‘facilidade’ nos relacionamentos e quanto mais complexo e não resolvido, mais complicado as coisas ficam.

Além desse aspecto, a consciência é o que sempre faz a diferença. Estar ciente de sua história familiar pode ajudá-lo a mudar, a melhorar e decidir que tipo de relacionamento você quer construir.

O que as pessoas não sabem é que os caminhos que as levam a embarcar em um determinado relacionamento, tem como ponto de partida a família de origem, e a direção será por duas estradas:

1. igualdade: ou seja, replicar o modelo familiar;
2. indenização/reclamação/compensação: tentando superar as dificuldades que teve na família de origem através da pessoa escolhida.

Quais são os desafios do novo casal?

Entrar na vida adulta também significa questionar as relações com a família de origem: intrusos, conflitos, opiniões, expectativas que  podem ser arrastadas para dentro dos ‘muros’ do casal.

Gerenciar influências  familiares e externas ajudará o casal a se fortalecer.

Impressionante como muitos conflitos de casal têm como pano de fundo a história de vida familiar!

Construa um equilíbrio saudável e mantenha a  distância justa!

Ser capaz de gerir as suas famílias de origem é o desafio por excelência de cada casal e existem algumas estratégias úteis para desenvolver isso:

• autoconhecimento e  conhecimento da história familiar: vai ajudá-lo a conhecer o seu papel na sua família e o papel da sua família na sua vida;
• comunicação e negociação: numa relação de casal, quanto mais você se comunicar e fazer aberturas para negociações,  mais fácil será para estabelecer limites, dizer não e proteger seu espaço pessoal;
• limites familiares: cada casal deve ser capaz de estabelecer limites à influência exercida pela própria família de origem, o que também requer a transformação das relações e a regulação das distâncias. A clareza das fronteiras é um requisito essencial para criar um casal com sua própria unidade e identidade. Assim como o casal deve definir regras e limites, a família de origem também deverá criar mudanças em sua relação com os filhos.

Saber gerir as suas famílias de origem é o desafio por excelência de cada casal.

Criar um ‘novo’ casal será sempre uma experiência difícil e a influência da sua família de origem pode torná-la ainda mais complicada, por isso não é incomum que surjam problemas.

Juntar-se ao seu parceiro significa ser capaz de viver juntos os desafios, alegrias e tristezas sem sentir que o casal pode entrar em colapso a qualquer momento.

Quando a psicoterapia de casal pode ser útil?

Quando o casal como projeto e desejo perdeu a força diante de situações externas como trabalho, amigos, e principalmente, e ainda mais fortemente, as famílias de origem.

A psicoterapia não é inicialmente um espaço de resolução de problemas. Na verdade, é um espaço de escuta para casais e indivíduos, onde podem ser cultivadas opções de comunicação e negociação mais eficaz.

Principalmente a psicoterapia é um espaço de reflexão, de escolhas e de responsabilidades. A saída das culpas e desculpas!

No caso da escolha por uma continuidade do relacionamento, cada um deverá “arregaçar as mangas” e trabalhar muito!  As cláusulas contratuais devem ser atualizadas, multas precisam ser pagas e a contabilidade dos cônjuges deve estar em dia.

Se a escolha for de finalização da relação, a psicoterapia será ainda mais valiosa para aumentar a consciência sobre o que foi perdido, o que sobrou, o que faltou e o que será reaproveitado para o próprio desenvolvimento. Cada um poderá usar do espaço terapêutico para fazer suas despedidas solenes, vivenciar o luto e agradecer muito.

Texto: Jaqueline Cássia de Oliveira